Vivendo e aprendendo
Eu tenho uma amiga cadeirante. A conheci anos atrás, ainda andante. Ganhando de mim em um campeonato de dardos.Bla bla bla Whiskas Saché ela sofreu um acidente que a deixou presa em uma cadeira de rodas.
Peraí. Para tudo. Presa? Nunca nessa vida!
Ela não deixa de fazer nada que tenha vontade. Sai pra caramba, vai a festas, dirige, trabalha em uma puta empresa, namora, faz ‘coisinhas’, rs, e adora uma cervejota.
Ontem, fomos tomar uma dessas cervejotas. E na hora de ir embora, como eu também ia, me ofereci pra ajudá-la a colocar a cadeira na mala do carro.Morrendo de medo de fazer lambança, afinal, eu sou uma desastrada.Não sabia se eu podia ajudar empurrando a cadeira, não sabia o que eu devia fazer. Mas fui perguntando e indo.Timidamente conduzi a cadeira e a levei na porta do carro.O caminho, cheio de pedrinhas portuguesas – lindas, mas são terríveis pra um cadeirante – foi tirado de letra por ela.Encostou a cadeira na porta do carro, abriu, puxa daqui, levanta dali e pá. Sentou no banco do motorista.Eu, boquiaberta, perguntei o que fazer com a cadeira.
– Ah, Dri, se quiser ajudar, tudo bem, mas não precisa.
– Não, como faz com a roda?
Nisso ela, em um movimento rápido, já havia tirado uma das rodas.
– E como tira a outra?
– Ah, empurra aí no miolinho e pronto, a roda sai.
Achei que era simples… Demorei um pouco e consegui tirar. Achei que era o maior peso essa roda. Nada. Levíssima.Peguei a cadeira, igualmente levíssima, e fiquei horas pra tentar encaixar no porta-malas.
– As rodas você encaixa onde tiver espaço.
Coloquei as rodas e fechei a mala.
E lá foi ela, dirigindo seu carro, embora pra casa.E eu fui andando, pela rua, pensando em como as coisas podem ser tão mais simples do que a gente imagina que elas sejam.
Cara… Te dedico, Crieis…. Você é foda.
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